Quem me chama de boêmio
Não conhece minhas mazelas
Me sustento noite e dia
só a pão com mortadela
Eu não moro em mansão
mas numa casa bem singela
dois cômodos, um portão
e uma janela amarela
não é em bairro nobre
e na entrada da favela
não tenho nenhuma empregada
e nem uma bela donzela
trabalho de guarda noturno
me transporto de magrela
se invento algum luxo
me falta arroz na panela
na segunda tenho folga
vou namorar Gabriela
chego e ela não está
saio a procura dela
Morena do corpo bonito
sonha em fazer novela
Quer um carro bacana
e uma mansão amarela
só posso oferecer uma rosa
e um cravo na lapela
chego no bar da Lurdinha
lá está a minha donzela
de abraços com um cara
irmão do cunhado dela
saio decepcionado
chorando por Gabriela
e ela nem se importa
com minha presença singela
Entro no primeiro boteco
pra tomar um engasga goela
saio de lá tropeçando
caindo pelas banguelas
Caio no chão e fico...
sentindo o perfume dela
Quem passa por mim xinga:
boêmio, vagabundo, zé ruela...
mas não viram que a culpa de tudo
é da doce Gabriela!
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