Alguma coisa acontece dentro do pulmão
Fumaça de carro, de moto, ônibus, caminhão
Depois que no centro eu vi, jamais esqueci
crianças drogadas, com fome, caídas na esquina
Assalto e arma na mão do guri, da guria...
Ainda não entendo como cheguei aqui
Com ônibus lotado, trânsito, lotação
Alguma coisa acontece dentro do pulmão
Fumaça de carro, de moto, ônibus, caminhão
Um homem fardado me encara, cospe no meu rosto
me xinga, me bate, me chuta, põe a mão no meu bolso
Pega o documento na mão, pergunta de onde eu venho
minha mente apavora, xingando aos berros
Dizendo não valho nada, pois sou emigrante
Entro numa igreja e uma prece começo
Lá fora barulho de bomba, começou um protesto
quem diz que viver em São Paulo é só felicidade
Eu tenho certeza que nunca saiu da cidade
E aqui de joelho eu peço, eu rezo e me apresso
Caetano falou que o povo vive nas favelas
mas vivem embaixo das pontes e até em ruelas
tem pobres em prantos nos cantos por coisas alheias
Com a chuva que chega inundando barracos
Tristeza com a força extrema nos tempos de chuva
O povo enfrenta problemas no ritmo do samba
Melhor voltar correndo do que ficar por aqui...
O novo baiano aqui vai sair da lagoa
Voltar pra minha roça, plantar e viver numa boa!
Nenhum comentário:
Postar um comentário